Baseado na vida real de Anne Sullivan e Helen Keller, o filme retrata a história de uma persistente professora e sua aluna cega e surda, a quem ensina a conhecer o mundo ao seu redor. Neste momento há certa resistência por parte da família de Helen, que sempre a tratou com pena e sem aceitar suas diferenças.
A surpreendente e comovente história de Anne Sullivan e Helen Keller provoca um bruto despertar em seus espectadores. Antes de Anne Sullivan entrar em sua vida Hellen é tratada em momentos como um animal doméstico, em outros como uma menina selvagem. Reduzida em sua condição de “estranha”, Hellen era apenas um problema a ser relevado e levado em diante. Quando sua professora Anne Sullivan a conhece decide que não quer apenas treiná-la. Pois, muito além das regras de higiene e convivência, Anne pretende mostrá-la que ao seu redor existe um mundo, que pode ser tocado e vivido. Um mundo com aromas, texturas, propósitos e nomes.
Acredito que a metodologia utilizada por Anne aproxima-se muito de Skinner (estímulo e resposta) e em um primeiro momento pareceu maldoso. Como, por exemplo, quando Anne retira o parto de comida de perto de Helen, pois ela não está se comportando como deveria. Mas me pergunto: “Como Helen poderia aprender sem que provasse o mundo e as respostas que seus atos lhe trariam?” Lembrei neste momento de um filme que relata a vida do músico cego Ray Charles, onde ele cai e sua mãe não o ajuda, fica esperando que ele se levante. Por mais que ela estivesse extremamente tocada com o fato de ele cair e quisesse levantá-lo, resolveu que ele deveria tentar sozinho. Porque, afinal, não existe nada melhor que a experiência empírica para nos dizer algo, certo?
Também recordei em alguns momentos de Paulo Freire, que defende que a leitura do mundo precede a leitura da palavra. Pois Anne levou sua aluna para provar o seu mundo e partir da interação com o meio, pôde nomeá-lo e, assim, aprender a leitura das palavras. Esta aprendizagem não poderia ser diferente, pois Helen precisava ler o seu próprio mundo. Senti, ao ver o filme, que isso a deixou mais tranquila e confiante. Seu acesso a comunicação abriu uma nova porta de a levava de encontro ao mundo, já que outras duas portas, utilizadas por aqueles que vêem e escutam, estavam fechadas.
Ao concluir este relato, posso dizer que as vidas de Anne e Helen foram repletas de descobertas incríveis, frustrações dolorosas e recomeços corajosos. Penso que Anne escolheu uma profissão incrível e desafiadora. Talvez não exista profissão que exija tanta flexibilidade, paciência e força para tentar novamente, tudo de novo, desde o começo se for necessário.
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